A realidade virtual é mais bem descrita através dos momentos – ou melhor, memórias – daquilo que você vivencia quando coloca um headset na cabeça.
Quando eu coloquei o Vive, da HTC, e experimentei a realidade virtual nas primeiras vezes:
- Brinquei de jogar bolinha com um cachorro robô em um laboratório futurístico.
- Joguei um boné de baseball em direção ao Sol.
- Pulei de susto com o gemido grave de um zumbi atrás de mim.
- Tentei usar minha mão virtual para coçar meu nariz real quando ficava com coceira.
Na realidade virtual, tornei-me um participante ativo de um ambiente completamente fora da realidade. É isso que faz da RV uma experiência totalmente diferente de assistir a um filme ou até mesmo jogar um vídeo game.
Diferentemente da maioria das formas de mídia, a realidade virtual bloqueia o restante do mundo de uma maneira que não apenas nos incentiva a suspender nossa incredulidade, mas que na verdade leva nossos sentidos para um passeio e nos mergulha profundamente na experiência.
Do lado de fora, os espectadores verão alguém utilizando um headset, movimentando as mãos e exibindo uma expressão facial alegre ou séria.
É assim que a VR se parece às pessoas do lado de fora:
Porém, a pessoa que utiliza o headset está completamente atraída em um mundo totalmente diferente, onde ela consegue influenciar e interagir com o ambiente de uma forma que simplesmente não é possível em qualquer outro meio.
Isto é o que ela realmente enxerga:
É fácil ficar cético quanto à realidade virtual, caso você ainda não a tenha experimentado – eu mesmo fiquei. Afinal, as tentativas de realidade virtual datam dos anos 60, todas as quais simplesmente não funcionaram. Porém, no caso da RV atual, após testar algumas experiências diferentes, ficou claro por que o Facebook investiu US$ 2 bilhões para comprar o sistema de realidade virtual Oculus Rift em 2014.
Existem dois tipos de pessoas: aquelas que pensam que a RV mudará o mundo. E aquelas que não experimentaram a RV.
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Palavras simplesmente não bastam. A melhor forma de compreender a realidade virtual é experimentá-la por conta própria. A segunda melhor forma de compreender a RV é entender o que ela não é.
O Que a Realidade Virtual Não É
Antes de testar a RV, eu já havia formado uma opinião (incorreta) sobre como ela seria. E, após comparar minha experiência com outras, cheguei à conclusão de que muitas pessoas cometerão esse mesmo erro.
Então, antes de avançarmos para as implicações da RV, vamos antes esclarecer algumas coisas.
1. Realidade Virtual Não É Modismo
A RV não será “a próxima etapa depois dos filmes 3D”. Ela também não tem nada a ver com “possuir uma pequena TV amarrada ao seu rosto”. Tampouco é “apenas para gamers”.
Realidade virtual é uma forma emergente de tecnologia que levará algum tempo para se estabelecer completamente – como o automóvel ou até mesmo o computador pessoal.
Este trecho da revista Commodore publicado em 1987 ilustra a atmosfera de ceticismo que tende a acompanhar novas tecnologias – neste caso, o computador pessoal:
“Os especialistas previram que, dentro de cinco anos, toda residência teria um computador. Papai administraria sua empresa nele. Mamãe guardaria suas receitas nele. As crianças fariam sua lição de casa nele. Atualmente, apenas 15% dos lares americanos possuem um computador – e os outros 85% não parecem estar minimamente interessados. Existe um sentimento generalizado de que o computador pessoal foi uma moda e de que não há objetivo prático para se manter um computador em casa.”
Podemos confiar na tecnologia para crescer a taxas exponenciais — o quão bem adotamos essas tecnologias, entretanto, dependerá de muitas outras variáveis. Porém, diferentemente do smartwatch e de outros dispositivos recentes, há mais apostas em torno da RV — do Cardboard, do Google, ao Steam, da Valve, passando pelo Oculus, do Facebook, pelo Vive, da HTC, e chegando à VR do Playstation, da Sony. Podemos esperar que a adoção ocorra de forma muito mais suave e rápida, em comparação com o que ocorreu às outras tecnologias emergentes.
E isso é ótimo, pois a realidade virtual não é apenas uma evolução incremental em termos de inovação. Trata-se de um enorme salto à frente.
2. Realidade Virtual Não É Igual à Realidade Aumentada
Você provavelmente já experimentou a realidade aumentada anteriormente, principalmente se utilizou os filtros de vídeo do Snapchat para vomitar arco-íris ou trocar de rosto com amigos.
A realidade aumentada (RA), como o nome sugere, aumenta a realidade através da aplicação de uma camada sobre sua perspectiva do mundo real. Da mesma forma que um “heads-up display” (HUD), a RA aprimora sua percepção — ela não tenta substituí-la completamente.
A realidade virtual, por outro lado, remove você da realidade, e é isso que possibilita a ela criar um nível de imersão nunca antes atingido.
E, embora seja possível combinar ambas as realidades, de modo que algumas partes sejam originárias do mundo real e outras sejam virtuais, a imersão completa que obtemos a partir da “RV verdadeira” é o que a torna drasticamente diferente de tudo o que você já experimentou.
3. Cardboard do Google e Vive da HTC São Mundos Virtuais à Parte
Há basicamente duas experiências bastante diferentes de RV que você pode experimentar hoje.
Uma delas é econômica e acessível, consistindo principalmente de vídeos 360 graus. Você deve ter conferido esses vídeos no YouTube ou Facebook. Basta inserir seu smartphone em um Cardboard, do Google, no Gear VR, da Samsung, ou em outro headset, iniciar um app compatível com RV e colocar o dispositivo na cabeça. O acelerômetro do seu smartphone permite que seu ponto de vista corresponda ao movimento do seu headset.
Considerando seu preço incrivelmente baixo, o Cardboard, do Google, não é uma maneira ruim de sentir o gostinho da RV em sua forma mais rudimentar. Porém, ele não se compara à experiência da verdadeira realidade virtual.
Andar de montanha-russa em um vídeo 360 graus é apenas uma parte mínima da experiência de RV.
Para experimentar a realidade virtual ao máximo, você precisará de um PC poderoso e mais de $799 para adquirir o headset Vive, da HTC, além de dois controles de movimento e sensores de movimentação. Também será preciso um espaço próprio para montar tudo. Porém, isso leva a experiência para outro nível, proporcionando interação de ambiente, profundidade e movimento em um espaço 3D.
Participante da conferência Shopify Unite experimenta a RV com o Vive, da HTC.
Embora o vídeo 360 graus seja um passo adiante rumo a uma nova direção, seria um grande equívoco presumir que você realmente experimentou a realidade virtual, caso essa seja a única alternativa que tenha testado.
O Futuro do Comércio na RV Não É o Que Você Pensa
Quando imaginamos fazer compras dentro da realidade virtual, é fácil presumir que será algo parecido com a experiência tradicional com a qual estamos acostumados: empurrar um carrinho, pegar os itens que queremos comprar e levá-los ao checkout, mas tudo isso do conforto de nossas casas.
Entretanto, isso configuraria o mau uso da RV e da imaginação humana – principalmente porque os ambientes virtuais oferecem uma tela 3D em branco que pode ser preenchida com literalmente tudo.
Se você pudesse se instalar em qualquer lugar, por que o faria em uma loja?
Por exemplo, ao invés de apresentar seus equipamentos de camping em uma área desorganizada da loja, por que não exibir seus produtos bastante distante de qualquer cidade, junto ao pôr do sol e a uma fogueira estalando – transportando seus clientes para esse local, em vez de deixar por conta da imaginação deles?
A RV revoluciona a forma das marcas contarem histórias sobre seus produtos.
Considere o quão eficiente é o conteúdo de vídeo para segurar um espelho em frente aos clientes e ajudá-los a observar a si mesmos em outras pessoas utilizando os produtos que eles gostariam de possuir. Agora, imagine o que a RV pode alcançar ao colocar os consumidores na própria pele de alguém que esteja desfrutando esses produtos.
Além disso, a RV oferece aos consumidores uma noção de escala com seus produtos – algo que sempre se mostrou complicado de se transmitir online, até mesmo nas melhores páginas de produtos.
Naturalmente, setores específicos serão mais beneficiados pela RV, como a indústria de móveis, pois os consumidores poderão visualizar mesas ou sofás em salas virtuais e obter uma melhor ideia de como esses itens ficariam em suas casas. Eles poderão até mesmo personalizar esses produtos, alterando sua cor ou tamanho, e observar suas escolhas virtualmente ganhando vida à sua frente – e apenas a uma compra de distância de se materializar na frente deles.
RV Não É Apenas para Consumidores
O papel que a RV terá no futuro do comércio não se limitará apenas ao lado do consumidor. Também haverá implicações para os empresários.
Embora você provavelmente não vá administrar sua loja online na RV, poderá passar algumas horas entre jogos e outros tipos de entretenimento. Você precisará de uma forma para continuar imerso na RV, de modo que não seja preciso remover o headset a cada mensagem de texto, telefonema ou distração do mundo real.
O Vive, da HTC, é capaz de se conectar com seu smartphone, permitindo-lhe responder chamadas e mensagens sem remover o headset. O mesmo poderia ser feito com notificações de pedidos ou dúvidas de suporte. Um lojista poderia realizar operações básicas para sua loja virtual durante um jogo ou outra experiência.
A RV também pode ajudar empreendedores a planejar o visual de uma loja virtual, ou ainda visualizar conceitos de produtos antes da sua criação. De fato, a RV pode fazer mais do que apenas lhe mostrar o produto à sua frente. Ela poderá apresentar todos os componentes dele, permitindo que você compreenda melhor a forma como as partes se encaixam.
Isso pode ser extremamente útil para fins de treinamento, ou até mesmo para mostrar a um fabricante as etapas necessárias para montar seu produto.
O Metaverso: Uma Rede Social Inevitável na RV
Quando falamos de realidade virtual, algo a se lembrar é que ela – assim como a televisão, os consoles de vídeo game ou seu smartphone – será algo que as pessoas frequentemente utilizarão para consumir conteúdo ou interagir com outros indivíduos no mundo inteiro.
A questão imprescindível, então, será esta: quais tipos de redes sociais a RV criará? Em um ambiente virtual, existe a oportunidade de se interagir com outras pessoas de uma maneira mais “presencial” do que em uma chamada de vídeo do FaceTime.
Essa rede social hipotética foi batizada de “metaverso”. Quando implementada, ela representará um grande ponto de inflexão para a RV.
A vTime é apenas uma primeira tentativa de ser um "Second Life" na RV.
Assim que uma experiência social consistente e conectada for estabelecida – como o Facebook ou o Twitter –, ela poderá se transformar em um novo canal de engajamento entre empresas e consumidores – como o Facebook ou o Twitter.
A Realidade Virtual Finalmente Se Tornou Realidade
Se você ainda não experimentou a RV, eu o incentivo fortemente a fazê-lo, caso tenha oportunidade. Porque um dos aspectos que irá surpreender você (assim como surpreendeu a mim) é o quão boa a RV atualmente é — o quão fácil é se perder dentro dessa experiência.
Ao considerar as melhorias inevitáveis que surgirão para essa tecnologia, bem como a ainda crescente biblioteca de conteúdo para RV, é seguro dizer que, após décadas de tentativas, a realidade virtual não é mais algo encontrado somente entre as páginas de algum romance de ficção científica.
A realidade virtual agora é uma realidade.
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