Sentir medo faz parte da condição humana. Qualquer pessoa que se aventura em algo novo, seja um empreendedor, cientista, artista ou atleta, sentirá receio em algum momento. O medo tem sua função, já que ele alerta sobre potenciais perigos, mas pode atrapalhar bastante quando impede as pessoas de correrem atrás dos seus sonhos.
Coração acelerado, nó no estômago, pensamentos sobre os piores cenários que podem ocorrer. Tudo isso é normal. Medos são intrínsecos à condição humana e, mesmo quando parecem ser irracionais, podem acabar atrapalhando bastante o cotidiano dos indivíduos.
Empreender é se jogar no escuro, ou seja, não é uma tarefa fácil enfrentar o desconhecido ou incerto. Mas é um caminho necessário a se trilhar para que se possa alcançar o sucesso. Os medos sempre estarão lá, mas como impedir que eles controlem você?
Afinal, o que é o medo?
Para muitos neurocientistas, o medo é definido como um estado fisiológico de um determinado circuito neural que dita nossas respostas às ameaças do mundo.
Mas é importante notar que a resposta se dá relativamente ao perigo percebido, que nem sempre é real. Real ou não, ele tem efeitos psicológicos, emocionais e físicos, chegando a alterar a respiração e o batimento cardíaco.
A função do medo é a de proteger de perigos, preservando a vida, saúde e bem-estar.
O problema ocorre quando ele deixa de cumprir esta função para começar a negativamente afetar a saúde mental e as chances de que as pessoas possam alcançar seus objetivos. Muitas pessoas que sonham em empreender citam o medo como a razão por não terem embarcado ainda nesta jornada.
Os cinco tipos de medo
O termo medo acopla uma série de sentimentos negativos semelhantes, com intensidades e gatilhos diferentes.
O Dr. Karl Albrecht, em seu livro Inteligência prática, dividiu estes sentimentos em cinco categorias originárias:
- Extinção: o medo de deixar de existir, ou seja, da morte. No âmbito deste medo, temos uma série de fobias, como o medo de altura, de avião ou de ingerir alimentos desconhecidos.
- Mutilação: o medo de ser ferido, perder uma parte do corpo, ser fisicamente invadido e prejudicado. Aqui entram coisas como a aracnofobia ou o medo de tocar facas, por exemplo.
- Perda de autonomia: medo de ficar desamparado ou abandonado por conta de restrições físicas ou sociais que fogem do controle do indivíduo. A claustrofobia, por exemplo, entraria neste item.
- Separação: medo da rejeição, de se sentir desvalorizado ou indesejado.
- Morte do ego: medo da perda de identidade, ou da destruição da autoconfiança ou questionamento de nossa competência e a noção interna de quem somos. A vergonha ou medo do fracasso estariam englobados nesta categoria.
Alguns destes medos são relevantes para quem pensa em empreender mas ainda tem um pé atrás. Afinal, a pessoa pode estar pensando na possibilidade de perder sua liberdade ou tempo de descanso por se comprometer com muitas tarefas. Há o medo de que o sucesso demande tanto esforço e tempo que exista um distanciamento de entes queridos, parceiros, familiares e hobbies. O medo do fracasso, e do sentimento de vergonha que isso pode ocasionar, também pode estar presente.
Algumas pessoas são mais afetadas por medos, ansiedades e angústias do que as outras, e isso pode mudar diante de experiências e o ambiente que as cerca.
Será que o medo pode ser positivo?
Quando alguém se vê diante de uma situação estressante ou apavorante, as reações mais comuns são o instinto da fuga ou da paralisia. A inércia e paralisia podem ser particularmente prejudiciais, pois impedem o indivíduo de enfrentar de frente aquilo que lhe ameaça.
E aí isso acaba levando a um dos piores inimigos dos empreendedores, que é a procrastinação, ou seja, o famoso "deixar para depois".
Ao postergar o ímpeto de empreender, ou ir empurrando coisas importantes com a barriga, a chance de sucesso vai ficando mais e mais longe do alcance. O medo de tentar e falhar também pode ser brutal, já que os indivíduos tendem a tentar evitar sentimentos que os afetaram no passado.
Mas não é possível alcançar o sucesso sem lidar com chances de falha. É importante compreender as derrotas como lições para o futuro. Dentre as opções de congelar, fugir ou lutar para vencer, a última é a única que tem chances de alavancar um empreendimento.
Mas o medo, de modo geral, não é de todo ruim: o receio de falhar, de chegar por último, de não conseguir fechar as contas do mês, tudo isso serve como motivação adicional para quem está disposto a vencer. Outro medo que pode ser encarado positivamente é o medo de deixar de alcançar todo o seu potencial e realizar seus sonhos.
Para enfrentá-lo, só há uma saída: encarar os desafios de frente, com toda a determinação.
O medo do sucesso também existe
É fácil de compreender alguém não querer errar ou se dar mal ou tentar algo novo. No entanto, o medo do sucesso é uma realidade que pode chegar a ocasionar tentativas subconscientes de autossabotagem.
Isso se deve ao fato de que o sucesso, por si só, é uma nova realidade, que é inédita e desconhecida. Muita gente não sabe como poderá reagir e sente desconforto com mudanças, mesmo quando elas são positivas.
Além disso, o processo de crescimento e toda a trajetória pode ser algo doloroso, o aprendizado pode ser duro e a caminhada difícil.
A identidade muitas vezes está atrelada às experiências, mesmo que elas não sejam as mais privilegiadas. Mas não há nada de anormal nisso, seja gentil consigo mesmo e dê tempo ao tempo para ir se adaptando às novas realidades. O essencial é saber que você merece o sucesso!
Medo do desconhecido
Não é necessário sair escalando montanhas ou praticando esportes radicais para vencer seus medos.
Às vezes, basta substituir a frase "não consigo" pela frase "não consigo ainda". Essa mudança de perspectiva passa pela compreensão de que é natural enfrentar medos no decorrer do tempo, e que é preciso reconhecer cada passo que dá.
O medo no empreendedorismo pode ocorrer porque alguém está acostumado a ter um emprego e seu chefe, e sente que está se jogando em algo totalmente novo e sem garantias.
Os seres humanos são criaturas que formam hábitos, e nem sempre é fácil se desvencilhar deles. No entanto, a experiência do passado sempre pode ser aproveitada, e os desafios enfrentados geram novos aprendizados.
Para empreender, é necessário aprender coisas novas, realizar tarefas que não são de costume, se aventurar em atribuições inéditas ou até mesmo cuidar de um monte de papelada chata.
Mas não se esqueça que você tem a capacidade de aprender, e sempre pode delegar tarefas para quem é mais capacitado (inclusive contratando autônomos para isso).
Empreender significa sair da nossa zona de conforto, e isso sempre vai envolver a aquisição de novas habilidades.
Mas existem muitos recursos para ajudar empreendedores a ganharem as capacidades necessárias para vencer. Dentre eles, estão o Sebrae, uma instituição que se dedica a auxiliar e guiar empreendedores brasileiros, e o blog da Shopify, que aborda todos os assuntos necessários para que você possa dar o seu melhor ao empreender.
O medo é só um obstáculo a ser superado
Não existe ninguém totalmente destemido. O ser humano vai aprendendo a conquistar seus medos para poder tocar sua vida. Esse processo nunca acaba e cada pessoa precisa encontrar métodos e mecanismos que funcionam para aliviar seus medos.
Muitas pessoas juram que técnicas de respiração funcionam para que elas superem os sintomas desagradáveis dos medos que sentem. Outras utilizam da meditação, atenção plena, terapia e outras técnicas que as ajudam a focar no que é mais importante e deixar de lado medos irracionais.
Existem até aplicativos como o Stop, Breathe, Think que ajudam nisso sem que você tenha que desembolsar nada.
Como superar o medo do empreendedorismo
O medo é natural, todo mundo sente, especialmente em mergulhar em novas aventuras. Mas a boa notícia é que existem táticas para administrá-lo e não deixar que ele tome conta:
1. Conte com uma rede de apoio
Familiares, amigos, entes queridos, colegas e mentores. Todas essas pessoas querem ver o seu sucesso e podem estar lá para calmar, ouvir e aconselhar.
2. Dê um passo de cada vez
Quando olhamos para um objetivo geral, pode parecer difícil e confuso atingi-lo. Mas, ao abordar uma etapa de cada vez, ou até dividi-la em etapas menores, as coisas ficam muito menos assustadoras.
3. Aceite os fracassos
Falhar e errar faz parte do aprendizado. Cada erro seu é uma nova lição. Não desanime!
4. Pratique táticas de relaxamento e cuide de si mesmo
Meditação, caminhadas, estar em meio à natureza, hobbies e atenção plena são táticas testadas e aprovadas por muitos empreendedores, mas você pode encontrar a sua! Tem gente que relaxa tocando um instrumento, cozinhando, cuidando de animais ou até mesmo fazendo artesanato.
Transforme o medo no empreendedorismo em motivação
Dentre todos os medos, deixar de correr atrás dos seus sonhos e aproveitar seu potencial é um dos mais válidos.
Se por um lado o medo pode te impedir de avançar, ele também pode ser o elemento catalisador que impulsiona você para frente. É tudo uma questão de perspectiva: não há como evitar o medo, mas existem maneiras de lidar com ele.
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Perguntas frequentes sobre o medo no empreendedorismo
É normal sentir medo na hora de empreender?
Sim, é totalmente normal. O medo do desconhecido faz parte da condição humana. O importante é não se deixar controlar pelo medo.
O medo pode ser usado de forma positiva?
Ao focar no medo de falhar ou de deixar de alcançar o sucesso, de forma saudável e equilibrada, é possível utilizar o receio como motor que impulsiona o desejo pelo sucesso.
Como enfrentar o medo?
Respiração, meditação, terapia, atividade física e leituras são métodos comuns utilizados para aliviar o peso dos medos irracionais e mudar o foco para a busca de soluções.